O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou a decisão técnica de manter os cortes de juros em 0,5 ponto percentual, conforme decidido na última reunião do Copom. Ele também abordou a autonomia da instituição e respondeu às críticas de figuras políticas.
O Banco Central (BC) tem se mantido firme em sua postura técnica sobre a política monetária do país. Roberto Campos Neto, ao discutir a taxa Selic, afirmou que a barreira para alterar o ritmo de corte atual é “bastante alta”. Ele destacou que qualquer mudança, seja para acelerar ou desacelerar o ritmo, dependerá estritamente da dinâmica dos indicadores macroeconômicos, com especial atenção à inflação.
“Estamos olhando a expectativa da inflação; a dinâmica da inflação corrente; o hiato do produto, ou seja, a capacidade de o país crescer sem gerar a inflação. A barra é alta para mudar esse ritmo de 0,50, tanto para cima quanto para baixo”, explicou Campos Neto.
Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou uma redução na taxa básica de juros de 0,5 ponto percentual, passando de 13,75% para 13,25%. A ata da reunião confirmou a intenção do Copom de continuar com cortes de meio ponto nas próximas reuniões, mas ressaltou que uma aceleração desses cortes é “pouco provável”, a menos que haja uma mudança significativa nos “fundamentos da dinâmica da inflação”.
Campos Neto também abordou a autonomia do Banco Central, regulamentada em 2021, destacando que a instituição está passando por seu primeiro “grande teste” em um ambiente político polarizado.
“Estamos amadurecendo esse processo e temos aprendido muito”, disse ele, referindo-se à incorporação de novos diretores com diferentes perspectivas.
O presidente do BC também comentou sobre a necessidade de equilibrar as expectativas dos agentes financeiros e facilitar o trabalho da política monetária. Ele enfatizou a importância da aprovação de propostas que aumentem a arrecadação e questionou a eficiência dessas medidas.
Finalmente, ao abordar as críticas recentes do ex-presidente Lula e outros membros do governo, Campos Neto manteve uma postura equilibrada, afirmando que “faz parte do processo”. Ele relembrou que já enfrentou críticas em governos anteriores e que nem sempre concordou com as posições de outros membros do governo.
A postura técnica e equilibrada de Campos Neto reforça o compromisso do Banco Central com a estabilidade econômica do país, mesmo diante de pressões políticas e desafios macroeconômicos.
Com informações de O GLOBO